14/03/2013

Sopas (de tudo)

Quando comecei a Alentejanar a minha cozinha?
 Depois dos tempos de Vila Nova de Milfontes? Depois dos jantares no Afonso em Mora? Depois das repetidas e sempre reconfortantes refeições na Tasca do Montinho? Depois das Sopas de Lebre e outros petiscos da Mãe do Maurício?
Tudo foi marcante mas, por mera curiosidade, reparo que a ordem (temporal ) da enumeração é igual à importância crescente dos referidos, mas as Sopas vieram do lado do Maurício, sem dúvida.

Nesta vontade de pensar no que como, acabo por recordar outras sopas que na verdade são as mesmas e sempre estiveram comigo. "Fazer sopas" é uma expressão antiga para mim, de sempre, aquela coisa de migar pão para o prato da sopa e assim engrossar um caldo(ou um puré) de legumes bem quente, não é mais do que um reflexo desse comer Alentejano. E as sopas de café com leite, agora em desuso mas das quais me lembro bem...tudo isso vem da mesma raiz que acaba por ser a falta de recursos e a necessidade de aproveitar tudo ao máximo. Mas quando o Maurício me apresentou as Sopas de Lebre, pareceram coisa nova

Trata-se do caldo de cozinhar a lebre, ao qual se acrescenta água quente e depois, já sem o bicho, se junta o sangue reservado  e fervilha um pouco para acabar de cozinhar. No final deita-se numa tigela onde estão fatias finas de pão, alho picado, uns fios de azeite e bastantes folhas de hortelã.
Para acompanhar estas sopas, o Maurício (e todos nós, os gulosos que partilham com ele as Sopas) não dispensa uma frescura qualquer - se possível as rodelas de rábano, mas também podem ser rodelas de pimento verde ou rama de cebolas novas.

Serão estas (hoje em dia) umas sopas mais requintadas, mas  nunca esqueço uma água de cozer bacalhau, pescada ou outro peixe, com a qual faço sempre (bem, nem sempre, pois também gosto muito de arroz...) sopas que me aquecem a alma e a gulodice. Viva o Alentejo!


reprodução de azulejo de Bela Silva

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