24/03/2016

Fui a Tavira

Não andei às voltas pelo império como os Da Vinci, mas fui a Tavira e correu bem

As compras

Ontem, quando acordei, o tempo estava pouco primaveril e menos ainda, próprio para ir até à praia. Tomado o pequeno almoço e com a filha ainda a dormir, pensei em fazer qualquer coisa mais movimentada do que ficar na varanda a ler e a arrefecer.

Havia camionete para Tavira às 8:30 e outra para regressar às 9:40. Dava para ir ao mercado e estar de volta a horas de um segundo pequeno almoço, este já na companhia da minha princesa.

E assim foi.

Deambulando pelo mercado, que nesta altura está a meio gás, longe da confusão dos meses quentes que se avizinham, comecei por ver as lindas Bicas - mas essas posso comprar nas Cabanas, tal como as Ferreiras, as Cavalas e outros peixes assim. O que por lá há pouco é o belo atum deste mar algarvio e foi por aí que comecei. Quatro bons bifes de atum  dariam 2 refeições. Depois do atum pus os olhos numa coisa que adoro e raramente encontro. A bela gamba do Algarve, fresca e rosada como poucas. Comprei apenas 500g pois não é coisa para açambarcar e como somos só 2, mais vale voltar ao mercado no sábado a ver se há mais desta delícia.

As restantes compras, incluiram muxama e bons legumes, para acompanhar condignamente os nossos petiscos.

As refeições

Na camionete que me trouxe de volta, comecei a pensar no que iria fazer com coisas tão boas e decidi logo o almoço. Um petisco de atum, como se fosse carne de porco frita e um arroz carolino, bem caldoso, com umas daquelas gambitas frecas.

O atum como se fosse porco, é para mim uma forma de ter mais perto a memória da minha Avó Celeste, pois nesse tempo não se comia peixe cru, nem mal passado e como tal, a primeira vez que vi atum sem ser dentro de latas, foi em Torres Novas, no mercado com o meu Avô, pois era sempre ele que fazia as compras.

Gostei do que depois, a minha Avó, cozinhou, que, recordo, era feito como se de febras se tratasse. Punham-se os bifes (mais finos que grossos) a marinar em vinho branco, alho picado e folhas de louro, e depois fritavam-se bem e eram servidos com batatas fritas ( e salada, claro, que nesse tempo nunca faltava na mesa, tal como a sopinha, o pão e a fruta) .

Ontem fiz uma marinada igual, e aí deixei uns pedaços (nada finos ) de atum a tomar o sabor dos temperos. Na altura de servir, fritei levemente o peixe e depois, já sem o atum na frigideira, juntei mais um pouco de vinho branco para fazer molho. Ao mesmo tempo, fritei umas batatas doces cortadas em cubos. Para servir misturei as batatas com o atum e assim foi para a mesa, onde durou pouco. Acabámos a rapar os restos do molho com o óptimo pão desta zona.


Para o referido arroz, fiz um caldo com as espinhas e a cabeça duma Bica, com que na véspera preparara um ceviche a pedido da minha filha. Feito e comido o ceviche , não podia deitar fora as sobras e guardei-as. Essas espinhas, uma cebola, uns talos  de coentros e as cascas de duas mancheias das gambitas deram um belo caldo, suave de sabores e límpido na cor. O preparo foi coisa simples.
Suei no tacho, uma cebola e um dente de alho, ambos picados,  juntei o arroz e pouco depois o caldo quente. Enquanto o arroz cozia, temperei as gambas com sal e umas gotas de limão. Ficaram a aguardar a sua vez que seria mesmo no final e já com o lume apagado, pois eram tão frescas e delicadas, que mais calor que isso iria estragar a obra da Natureza.
Assim, quando dei o arroz por cozido e apaguei o lume, juntei as gambas, uns coentros picados(coentros oferecidos pela Noélia, fresquíssimos e aromáticos como nenhuns) e um fio de azeite. Coloquei a tampa e fui juntar-me à minha filha quejá estava a comer o atum.

O momento melhor, foi constatar a alegre surpresa da menina ao saborear os pequenos crustáceos. Achando-os suaves na textura e adocicados no sabor , como nunca antes gambas ou camarões lhe tinham parecido.

Pediu-me que fizesse para o jantar, um tártaro ou um ceviche para os comer em cru e foi o que fiz.

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