Sou pouco rigoroso, pouco respeitador de
regras, pouco dado a vénias e isto não apenas na culinária.
Claro que se alguém quiser preparar umas
Ostras Rockefeller deve conhecer e seguir à risca a receita, e quem quer preparar um "leitão à Bairrada" é bom que saiba como fazê-lo pois nenhuma receita conta tudo, mas se o objectivo for
um caril de frango, umas iscas com elas ou uma sopa de cação, então a história
muda de figura. Essas receitas não foram ditadas por um profeta, nem assinadas por
alguém que possa vir hoje reclamar e, por muito que me custe ver os anúncios dos
cubos instantâneos de caril como atalho para os impacientes, reconheço que
havendo resultados melhores que outros,
não há no entanto nenhuma heresia nos processos.
Por exemplo, aquilo que todos nós (os
Portugueses) identificamos como fricassé, é uma preparação que tem pouco (ou nada)
a ver com a receita original, a qual normalmente envolve cogumelos e natas. Já
o ovo batido com sumo de limão, nem vê-lo, é melhor procurá-lo na Grécia e a
receita nesse caso chama-se avgolemono, e é e um caldo de galinha.
Toda esta conversa para dizer que fiz uma
sopa de cação diferente e muito boa. Ainda não ofendi ninguém porque ninguém
provou, e nunca ofenderei ninguém porque ninguém tem esse direito.
Podem dizer
que gostam mais da versão da avó, ou do restaurante lá da terra, mas isso é
tudo.
Não usei farinha, mas usei batata. E
beldroegas.
Como diz o Chefe Vicente Grenho, que eu só conheço do youtube, mas aprecio bastante:
-Há quem acrescente a cebola nas sopas de cação, mas eu não!
Pois olhe, desta vez , eu sim. Cebola e batata!
Pois olhe, desta vez , eu sim. Cebola e batata!
Receita
- 3 finas , alvas e fresquíssimas postas de cação (da Banca da Bela, claro)
- 1 quantidade razoável(!!!) de folhas de beldroegas – 3 mãcheias?
- 1 cebola
- 1 batata
- 2 dentes de alho
- Azeite qb e mais um bocadinho
- Vinagre a gosto
- Água
- Sal
- 1 folha de louro
- 1 colher de chá com colorau
Comecei por temperar as postas, com sal e 1
colher de chá de colorau. Levei ao lume uma panela com água, a que juntei sal,
uma cebola cortada em 4, um dente de alho e 1 folha de louro. Nesse “caldo” cozi o peixe
durante 5 ou 6 minutos, findos os quais retirei as postas e juntei a batata,
para por sua vez, também ser cozida. Depois, retirei a folhas de louro e com a
varinha mágica desfiz muito bem tudo o resto e reservei.
Para continuar, levei outro tacho ao lume, deitei-lhe
azeite e o segundo dente de alho picado para alourar. Feito isto juntei o caldo
inicial e aí cozi as beldroegas durante 5 minutos.
Passado este tempo, juntei o
peixe e o vinagre. Deixei levantar fervura e depois provei - é nesta altura que
alguns poderão por mais vinagre, mas nenhum conseguirá tirar o que antes pôs. Enquanto isto acontecia sem necessidade de
atenção maior, aproveitei para cortar fatias finas de pão para uma tigela, regá-las
com um bocadinho de azeite (tal como figura na lista dos ingredientes) e
dizer-lhes que esperassem pelo caldo. Não me lembro se juntei coentros picado, mas é muito provável...
Não sendo sopas de cação, por não terem farinha
e levarem as beldroegas, tão pouco serão uma sopa de beldroegas pela presença do cação e a notória ausência do queijinho. Trata-se apenas de uma coisa muito boa, que voltarei a fazer sempre
que encontrar cação e beldroegas.
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