Para o almoço de domingo, cozinhei como se estivesse à espera da tua chegada, para compensar o saber que não vinhas.
Para isso fiz um arroz de corvina, de sabores suaves, sem tomate, sem especiarias, nem sequer limão como a Noélia faz , mas com muita atenção ao caldo e aos tempos, por forma que no final, fechando os olhos como tu farias, conseguisse encontrar o que te agrada.
Comecei por cozer a cabeça da corvina, que não sendo coisa bonita de fazer, é o que melhor resultado dá neste arroz tão simples.
Nestas alturas é sempre bom que estejas longe, pois o cheiro a peixe, o limpar da cabeça, o regresso das espinhas ao lume para extrair mais sabor e para assim derreter as gelatinas que depois farão do arroz uma coisa memorável, são tarefas pouco apelativas ( para mim não, pois sei que só assim se chega ao destino) e que gosto de executar com calma.
O peixe cozeu durante 10 minutos em água com cebola, louro, raizes e talos de coentros, alho, pimenta e sal. A água não chega a ferver mas quase, ou seja, fica ali num borbulhar que nunca chega a ser intenso.
Ao fim dos 10 minutos apaguei o lume e deixei a cabeça nesse banho aromático, até amornar. A ideia é cozer apenas o suficiente para conseguir separar depois a carne das espinhas, que voltarão para a panela para fervilhar mais 15 ou 20 minutos. Por fim escorri o caldo, deitei fora as partes sólidas e ficou tudo preparado para a refeição, quando ela for.
Ao fim dos 10 minutos apaguei o lume e deixei a cabeça nesse banho aromático, até amornar. A ideia é cozer apenas o suficiente para conseguir separar depois a carne das espinhas, que voltarão para a panela para fervilhar mais 15 ou 20 minutos. Por fim escorri o caldo, deitei fora as partes sólidas e ficou tudo preparado para a refeição, quando ela for.
Foi o jantar. Chegada a hora, aqueci o caldo, piquei 1 cebola que levei ao lume num pouco de azeite e manteiga apenas para murchar, juntei o arroz carolino, mexi e por fim deitei o caldo (quase o triplo do arroz) para nele cozer o arroz, durante 10 minutos. Para acabar juntei o peixe, com destaque para as duas bochechas, brancas, redondas e carnudas, que são a melhor parte dos peixes grandes. Antes de apagar o lume, deitei as folhas de coentros frescos picados, um fio de azeite e um pouco de pimenta preta. Deixei descansar, com a tampa posta, durante 2 minutos para o arroz acabar de abrir.
Já na mesa, comi como se estivesses ali a meu lado e senti que irias gostar de todas (menos do vinho branco que eu bebi) as atenções, embora achando sempre que é trabalho a mais, mas sabendo bem que não o é, apenas o suficiente para ficar bom, sem excessos, sem disfarces, sem nada que não seja o arroz de peixe no seu melhor, com atenção a todos os pormenores, como deve ser tudo o que se faz por amor.
Isto são coisas que tu sabes
No fim das antes-comidas é isto, Não se percebe o que é melhor: a comida ou a escrita. Pressinto que este não era o melhor post para juntar o comentário. Pela intimidade que anda por lá, pela ternura e cumplicidade. Mas há momentos assim em que a literatura não pede espera. Depois dos bytes e das comidinhas , qq dia dia ainda te apanho a escrever. Desembrulha-te. Edmiro
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