O acto de comer parece ser um gesto
inicial, mas é muito mais que isso. Na verdade, é um gesto sem
fim.
Somos ensinados, quase forçados, a largar o leite do início, e vamos aprendendo, com mais ou menos desenvoltura, outros sabores que se irão tornando mais desafiantes ao longo dos anos. Para mim, esse processo foi uma longa aprendizagem e procuro ainda coisas
novas, regressar às antigas que não entendi, sem nunca deixar os verdadeiros carinhos construtores, ou seja a cozinha da Família.
Muitos são, e eu conheço alguns, os que perdem
o interesse , dizendo que podiam ficar para sempre com 2 ou 3 pratos, sem
novidades, ou melhor, sem sobressaltos.
Outros, não conseguem deixar de querer comer o mundo e tudo o que é
diferente, parece interessante, pelo menos até ter sido provado.
Seja como for, vamos associando memórias, cheiros e sabores, que mais tarde podem acordar de repente e nessas alturas vêm acompanhados por cargas de emoção muitas vezes difíceis de entender.
Nestes textos, que quero unidos pelo título Memórias, escreverei sobre pessoas, ingredientes, pratos e até sítios que me marcaram, em tudo o que se relacione com os gestos "simples" de comer e cozinhar.
Nesta altura não sei ainda o que será, pois nunca fiz planos detalhados para coisa alguma, e assim
que tenho uma ideia geral (mas vaga) acho que é a altura de começar. Desta
vez não será diferente. Sei que posso escrever 10, 15 ou talvez mais textos, que
irão aparecendo aqui, identificados com este título e sem a preocupação de
descrever receitas, apenas contar as histórias que me foram fazendo em termos
gastronómicos e que, muitas vezes, ficaram de fora, ou tiveram apenas alusões breves , em tudo o que tenho escrito, desde que comecei o meu primeiro blog em 2004 até agora, por
serem coisas muito simples, outras impossíveis de reproduzir, ou ainda vagas ideias, de sabores perdidos mas importantes, que não entraram de forma clara nos textos anteriores.
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