05/08/2013

A caminho de Avis

Vou hoje iniciar uma semana alentejana.

Para mim, que tenho o coração salgado pelas águas dos mares que nos cercam, aquela extensão, que é verde durante metade do ano e dourada na outra metade, tem um apelo diferente, uma coisa de adulto, de proximidade com as pessoas, de olhar sem desejar a mudança ou o movimento, muito distante dos momentos em que me esqueço olhando a beleza dos azuis sempre renovados e nervosos, que o mar ensina.

Saio daqui a pensar na casa e nas pessoas que vou encontrar, no breve fresco matinal logo abafado pelo sol que sobe até nos mandar todos para a sombra quando as cigarras enchem o ar de um zumbir monótono, mas também nas empadas que se comem por todo o lado, umas melhores outras nem tanto, mas todas muito boas e, porque vou para perto de Avis, levo a  promessa de uma imperial gelada e carapaus de escabeche , depois dos cumprimentos ao Fava, à Maria José e ao Sr. Marcelino.

Penso que  a melhor cozinha de Portugal anda pelo Alentejo.  Feita de singelezas e milagres inesperados, feita também de aromas selvagens, sempre discreta nos recursos e sem qualquer ostentação excepto na doçaria conventual, mas essa, que não nasceu no campo nem nas casa dos pobres, foi por todos abraçada como jóia para os dias de festa.

E espero umas sopas de cação como as que comemos faz agora uma ano, mas sei que não serão tão boas...

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