A versão que aprendi com a Chef Noélia
Jerónimo é a minha preferida, principalmente quando feita por ela...
Isto não é uma
graçola, porque sempre que a peço no seu restaurante nas Cabanas, ela
diz que eu já o sei fazer e devia pedir outra coisa. Ora bem, eu sei
fazer o arroz de limão com corvina (ou outro peixe branco e bom) seguindo a
receita dela, que até apareceu nesta minha colecção de histórias e receitas, mas
nunca consegui fazer tão bem como ela. Eu faço bem, mas a Chef faz um arroz de
limão perfeito.
Esse arroz que já
me valeu muitos elogios, é um louvor à simplicidade e o nome é quase a receita
completa. Mas há outras versões do pitéu, algumas boas, outras nem por isso,
principalmente porque muitas pessoas se esquecem que a coisa é sobre peixe e arroz, o resto
são adereços.
Gosto muito de
arroz de peixe, e recordo com frequência um dos que a minha Mãe fazia e todos
apreciavam, apesar das espinhas, o Arroz de Safio. Este, com o seu quê de tomate e a incontornável presença
do pimento, era prato de Verão na nossa casa e, mesmo sendo o safio tão
diferente na textura, no sabor e nas suas imprevisíveis espinhas, era do agrado
geral e gosto de o trazer de volta, sem planos, mas quando calha e o dito peixe me
aparece no caminho.
Ontem fui à praça
a pensar em caldeirada, mas os elogios da Bela à qualidade do safio fizeram-me
regressar ao referido Arroz de Safio. Eu sei que ele apresentar-se na caldeirada, mas já me tinha decidido pelo arroz, e nem o pata-roxa que também trouxe me desviou do caminho.
Arroz de safio e pata-roxa
Os vegetais
suaram no azeite, juntei a água para fazer o caldo e depois deste começar a ferver, adicionei as postas de safio e pata-roxa, esperei que retomasse a fervura, tapei e
apaguei o lume.
Assim ficou tudo num banho quente que se prolongou por 25 ou 30
minutos.
Passado esse
tempo, à que tirar o peixe da panela, remover peles e espinhas ( o pata-roxa já
vinha esfolado e só tem espinha central...) e com essas partes não
comestíveis adicionadas ao caldo, retomar o ligeiro fervilhar por mais 30
minutos.
Para fazer o
arroz não fiz refogado, mas deitei cebola picada, tomate maduro e pimento também picados na panela, reguei com
azeite e assim que começou a aquecer, adicionei o arroz e o caldo coado (3
partes de caldo para 1 de arroz) tapei e dei inicio à cocção, mantendo o
restante caldo à mão para poder adicionar se fizesse falta ( e fez)
Quanto ao peixe
já limpo, juntei-lhe mais um pouco de cebola e tomate picados, hortelã, muitos coentros,
malagueta em pó, azeite e deixei-o à espera de vez.
Passados 10
minutos de cozedura e porque o arroz começava a estar pobre em caldo, juntei
mais um copo (total 4 copos de caldo) e entrou o peixe com os seus temperos
crus.
Levantar fervura, tapar e descansar 5 minutos que só lhe fazem bem
Levantar fervura, tapar e descansar 5 minutos que só lhe fazem bem
Chegados aqui, só falta comer, o que é tão importante como fazer. Comer, apreciar, repetir e mostrar alegria se for o caso. Este é o elogio pretendido.
Quanto a memórias,
essas juntam os Avós, os Pais, as praias (primeiro a Nazaré, depois S. Martinho do Porto)
as idas à praça, a sesta depois do almoço que ajudava a passar o tempo até à
hora do banho e vão-se enriquecendo em cada repetição, juntando-se coisas novas, como os filhos, as caras alegres dos amigos, o orgulho de saber fazer e poder
assim replicar os dias passados e fazer deles novos.
(para a minha Mãe Teresa Maria)
(para a minha Mãe Teresa Maria)
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