Gostava de dizer que foi uma das horas mais úteis da minha vida no que se refere ao contínuo aprender de qualquer coisa e só não o digo, porque não faço ideia quanto tempo demorou. Não dei pelo tempo passar, como, igualmente, me esqueci que estava num lugar público, numa espécie de montra com gente que passava e ficava a ver o que ali acontecia.
Só tive olhos e ouvidos para a Noélia e o Rodrigo, que nos ensinavam e para o Bernardo, que comigo ia seguindo atentamente os passos recomendados, para chegarmos ao famoso Arroz de Limão com Robalo e Ameijoas.
A primeira vez que comi esta especialidade da Noélia, foi com a minha filha e ambos ficámos fascinados com o sabor do prato. Depois disso, já repetimos a experiência muitas vezes e sempre com o mesmo resultado, misto de surpresa e prazer.
Por essa razão, tentei, sem espalhafato nem promessas, fazer qualquer coisa parecida, mas acabou sempre num bom arroz de peixe que faz a minha filha sorrir, dizer que está bom, mas não é o da Noélia.
Assim, o anúncio do workshop na Academia TimeOut, foi recebido não apenas como a oportunidade de estar a cozinhar sob a direção da Noélia, mas a esperança que fosse este arroz o prato seleccionado, para nós prepararmos e assim foi.
O maior segredo, estava bem à vista desde sempre, no nome do prato, que como a Noélia frisou é Arroz de Limão com peixe e ameijoas, e eu aindei sempre a fazer Arroz de Peixe com Limão.
Portanto vamos ao assunto:
Tal como sucede no restaurante Noélia e Jerónimo, fizémos uma dose para 2, ou seja trabalhámos aos pares. O Bernardo ficou de serviço ao tacho, ou seja, fez de chef e eu fui o seu alegre sous chef.
A primeira informação foi também o primeiro segredo:
-Muito azeite para dar cor
Tacho no lume, muito azeite no tacho, eu diria que entra o dobro daquilo que eu poria, umas boas 6 colheres de sopa - o azeite vai dar o tom amarelado final do arroz mas tem de ser em mexido para o arroz o absorver e não se apresentar separado no final. E eu que cheguei a supor que podia ser curcuma, mas quando a usei nos testes que fiz, percebi que não era.
- O alho entra primeiro
Depois do azeite entra o alho. Isso mesmo, em vez de começar pela cebola começa-se pelo alho (1 dente grande e bem picado). Vai-se mexendo para ganhar alguma cor e depois sim, entra a cebola. Seguiu-se o arroz, o caldo preparado pela Noélia e que eu como um novato na cozinha me esqueci de provar (realmente!!!!) .
- O limão
Nesta altura juntámos o sumo de um belo limão, grande e sumarento, vindo do quintal da Noélia - acho que com os tristes limões lisboetas, serão necessários 2 - um pouco de casca e 1 cardamomo. Eu sempre juntei o limão no fim, como um tempero e este é o maior segredo para o resultado final. O limão aqui não é um tempero.
- Mexer bem para incorporar o azeite
Enquanto o arroz coze, vamos mexendo para que o azeite se ligue ao arroz. Perto do final entra o peixe, bons pedaços de robalo que a Noélia temperara com sal antes de começarmos, as ameijoas e uma boa quantidade de coentros grosseiramente picados.
Pouco depois o Bernardo desligou a placa, e, seguindo os conselhos do Rodrigo Meneses, empratámos
Mas importante mesmo foi provar. Importante e surpreendente, porque estava perfeito.
Para além do nosso Arroz de Limão, houve entradas e saídas da Noélia - tapas de muxama, de biqueirão e de lingueirão e para acabar um bolo delicioso de alfarroba, amêndoa e gila.
Fui à Noélia há anos, já nem me lembro, aliás, lembro um arroz de coentros, se calhar era também com limão. Nesta receita, qual a quantidade de caldo para arroz? O robalo é em postas ou filetes? Desculpe estas questões todas mas tenho arranjado robalo do mar na praça e gostava de experimentar este arroz (mesmo sem as ameijoas).
ReplyDeleteOlá Maria, vou tentar dar as explicações pedidas começando pelo fim. Como o que se pretende é um arroz (carolino) muito caldoso, para tal a quantidade de caldo é pelo menos 2,5 x quantidade de arroz, ou seja, para 1 copo de arroz contar com 2,5 copos de caldo. A questão do robalo tem a ver com o uso das espinhas para fazer o caldo. Usando um peixe grande como a Noélia faz, tiram-se os filetes que depois se partem em pedaços generosos. Aproveitam-se assim as espinhas para fazer o caldo. Espero ter ajudado. A recordar que o alho, o limão e os coentros são usados sem medo algum!
ReplyDeleteObrigada, era o que eu pensava, o caldo é feito com as espinhas. Ai os limões, tenho um limoeiro tão carregado deles que procuro 'vítimas' a quem os dar à força, os meus colegas no trabalho até se escondem debaixo das secretárias quando entro com uma sacada (podem ser limões, limas, tangerinas, laranjas, etc) :)
ReplyDeleteSó agora percebi que perdi isto!
ReplyDeleteMas vou seguir as dicas todas e tentar reproduzir este arroz maravilhoso.
Na semana passada estive na _Noélia e pedi este arroz. Disse ela: Vai pedir isso? Julguei que já sabia fazer! Eu sorri e pensei: pois sim, mas não fica assim tão bom...
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