Passou o frango do campo guisado com vinho tinto, que foi comido com arroz como se fosse uma cabidela e o resto com batatas cozidas no molho, ambos bons mas a não puxarem pela escrita.
Depois estive quase a contar aquilo que me parecia uma boa ideia quando vi a receita - Abacate com salmão e ovo no forno - e se revelou um desperdício de energia, pois a única coisa que precisava do calor era o ovo. Pessoas mais atentas (ou que se deixam enrolar com mais dificuldade) reagem logo e perguntam-me: Abacate quente? Tens a certeza? Eu até tinha, até provar...
Dias mais tarde, quando ensinei a minha filha a fazer o entrecosto caramelizado (Vietnam) achei que devia escrever, para ela depois ler e consolidar a lição, mas, uma vez mais a preguiça prevaleceu.
Por fim, quando arregacei as mangas e num gesto de amor resolvi ir a direito pelos caminhos do rosbife, recordando aquilo que a minha mãe faz tão bem, e nos serviu vezes suficientes para eu ficar com uma ideia da técnica e com outra ideia de não conseguir repetir os sabores. Afinal não custa nada. Reunindo aquilo que recordava ao resto que fui aprendendo com o passar dos anos, fiz, correu bem e sobretudo agradei a quem queria agradar (numa sedução que não tem fim). Mas não escrevi e tinha assunto, pois na mesma refeição servi uma encharcada que ultrapassou as minhas dúvidas ao ler a receita.
Ainda escreverei sobre este almoço, calando o resto.
E afinal o que me trouxe até à escrita foi uma visita a um restaurante.
Na passada segunda-feira, depois de muito ter insistido junto do Bernardo que me levasse lá, fomos os dois ao Calcutá, na rua do Norte.
Eu, que já quase desistira dos restaurantes Indianos, Tailandeses ou Nepaleses em Lisboa, com raríssimas excepções pois gosto da cantina do Templo Hindu, e quando quero especiarias e fogo me dirijo aos Goeses, que esses sim me agradam de sobremaneira. Apesar de tudo queria e esperava uma refeição boa e diferente.
Tive tudo isso e mais ainda, pois a gentileza e a simpatia de todos os que por lá trabalham já é meia batalha ganha para a casa. Os pontos começam a contar antes de chegar a comida, e só pára a contagem quando deixa de haver motivos.
Tudo o que comi estava muito bem feito e mesmo o Karai Gosh que não me encheu as medidas, tinha boa carne e estava agradável, embora para mim, não ao nível do resto. Bom o nan com queijo, muito bom o papari masala com tomate e cebola, excelente o Keema (que me vai fazer voltar em breve para os meus filhos provarem , pois vão gostar) e bizarro e misterioso o Patra (folhas de inhame recheadas) que surgiu já na conversa com o Hirene Tambaclal, com que acabámos a refeição, falando de comidas e das memórias e histórias dos sabores que viajam pelo mundo sem patrão nem regra.
Saí a sorrir, contagiado por toda a gentileza com que fui recebido e ainda com um exemplar do livro Calcutá Bairro da Índia da Prime Books, que me ofereceram. Saí, preparando-me para voltar.
Muito bom! Agora ponha de lado a preguiça e conte-nos lá o resto!...
ReplyDeletePerante esse honesto incentivo, já escrevi mais 2 textos. Ainda me mandam calar!
DeleteAs saudades que tenho de comer num restaurante Indiano! Na zona onde vivo (perto de Aveiro), o mais ‘estrangeiro’ que se pode encontrar é uma pizaria… Quando vivia em Lisboa adorava um Goês que ficava (e penso que ainda existe) perto de S. Bento, chamado Cantinho da Paz. E também o Caxemira, ali à Praça da Figueira. Saudades!
ReplyDeleteOs restaurantes que refere são bons, mas no ramo Goês o meu preferido é o Tentações de Goa que fica perto do referido Caxemira
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