13/06/2015

Vegetarianices

Este texto e a receita, resultam dos telefonemas recentes do meu filho, pedindo ideias vegetarianas para servir a amigos. Como sou apanhado desprevenido, acabo por balbuciar coisas com pouco interesse, certo de que se me estico perco o ouvinte, pois o telefone não é o mais indicado para transmitir  grandes receitas. Aqui fica então em especial para o Jaime.



Os tempos mudam, as pessoas mudam e muitos conceitos, mudam junto com isso. Mas na verdade é mais uma rotação de ideias do que uma verdadeira mudança. Noutros casos será um rumo inevitável que se apresenta envolto em ideias justificativas.
É claro que já se comeram muito mais vegetais do que hoje, e não se falava tanto disso, era normal, por via do gosto, da necessidade, ou da tradição.
Também é claro que em breve não haverá maneira de criar bicharada para dar de comer a tanta gente, principalmente porque é incomportável, em termos de cabeças de animais, de recursos gastos para a produção, dos métodos de engorda e abate, progressivamente mais disparatados  para fornecer o mercado num ritmo satisfatório e acima de tudo pela subjacente falta de qualidade.
Quem pode, deve aproveitar cada lebre, cada vaca barrosã, cada perdiz a sério, cada bicho criado de forma natural, sem antibióticos e rações pouco adequadas. Aproveitar enquanto há e entretanto ir olhando com mais atenção para os vegetais.

A comida de base vegetariana, não tem de ser maçadora e em tons de cinzento, como normalmente se apresenta. Também não tem de ser tudo cru para manter a cor e a frescura. A comida vegetariana tradicional portuguesa (comida por todos com agrado) não é nada disso, como se vê em coisas tão boas como:

  • peixinhos da horta
  • sopa de feijão com couves
  • sopa seca de tomate (com um ovito, claro)
  • sopa de beldroegas
  • cenouras à algarvia 
  • gaspacho
e destas e doutras receitas podem-se fazer coisas novas ou pelo menos que pareçam novas. como as tradicionais pataniscas, feitas com legumes em vez do clássico bacalhau.

Pataniscas de legumes


Não é nada inovadora a receita, mas é boa e não tem carne.
Com o polme de sempre, feito de farinha, ovo,  leite (ou alguma variante dele como eu fiz por não ter leite nem motivos para o ir comprar, e substitui por iogurte com água) e  sal, mais uns legumes bons e escolhidos para serem estrelas, em vez de verbos de encher, fiz as ditas pataniscas que, com arroz de cenoura e uma colher de iogurte com pepino ralado deram um excelente almoço onde a falta de carne (ou peixe) não se faz notar.

Os vegetais:
  • 1 batata cozida
  • 1 chávena de brocolos branqueados (cozidos durante 2 minutos)
  • 1/2 cebola picada
  • coentros picados  

A batata é cozida e partida em cubos pequenos. Apesar de não ser importante em termos de sabor, e desaconselhada pelos nutricionistas, é importante para o resultado final por via da textura
Os brócolos são branqueados para manterem a sua consistência rija e assim haver algo que se morada
A cebola crua é suculenta e faz parte de muitas das pataniscas de bacalhau por alguma razão. Entra aqui por isso mesmo.
Os coentros têm sabor e cor, mas podem ser ignorados ou substituidos por hortelã,  salsa ou cebolinho. O ideal é um pouco de cada para a festa ser maior.

Misturei os legumes com o polme e juntei sementes de cominhos para animar. Depois, fritei colheradas da mistura em óleo quente. Assim que estas se apresentam bem louras dos dois lados, escorrem-se e comem-se com alegria e arroz de cenoura como eu fiz, ou de tomate, de feijão, de grelos etc...



2 comments:

  1. Devem ser bem boas, essas pataniscas! Ficam na calha...

    Diga lá, João, desta vez não releu o seu post... desaconcelhadas ou desaconselhadas?... e há por aqui mais umas gafezitas sem importância, porque o importante são mesmo as pataniscas!

    Bom fim de semana :)

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    1. Obrigado pelo reparo Paula. Erro sem desculpa, mas já corrigido

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