22/03/2013
Drama e croissants
O drama não o era, antes uma sobreposição de eventos que se resolveu bem, apelando ao bom senso.
Eu, apelei ao meu bom senso e resolvi o meu problema.
Na verdade nem deveria ser assunto mas foi isto:
Por causa do sabath judaico e da diferença horária, o jogo da seleção foi marcado para as 12:45, quase hora de almoço.
Como passei a semana na boa companhia da minha filha e da minha sobrinha, as horas das refeições impuseram-se às restantes realidades possíveis e hoje acordei dividido entre a vontade de ver o jogo, a necessidade de fazer o almoço e ainda a conveniência de despachar alguns restos.
Havia um resto de carne de porco estufada e um pouco de frango que sobrara das empadas de quarta-feira.
Havia massa folhada e 3 salsichas de lata
Havia que improvisar uns croissants (isto não é uma conclusão lógica do anterior mas é verdade)
Parti a carne de porco em pedaços e salteei as salsichas(às rodelas) em azeite e alho. Juntei tudo e deixei aquecer. Tirei do lume
Aqueci o recheio das empadas que não precisava de mais nada
Cortei a massa folhada em triângulos deitei 1 colher de sobremesa com recheio do lado da base do triângulo e enrolei. Pincelei com leite (por falta de ovos) e levei ao forno.
Servi os croissants com salada e acabei por virar as costas à bola e comer sossegado. Ainda vi a segunda parte e quase que voltei de novo as costas quando Israel fez 3-1. Acabei por ver tudo, mesmo as declarações esparvoadas do Paulo Bento:
- Fomos penalizados por ter marcado cedo!!!!!!
17/03/2013
Guardian ao sábado - Nigel Slater
Gosto do que escreve Nigel Slater e procuro-o no Guardian pois vale sempre a pena
http://www.guardian.co.uk/lifeandstyle/2013/mar/16/nigel-slater-beef-recipes
http://www.guardian.co.uk/lifeandstyle/2013/mar/16/nigel-slater-beef-recipes
14/03/2013
Sopas (de tudo)
Quando comecei a Alentejanar a minha cozinha?
Depois dos tempos de Vila Nova de Milfontes? Depois dos jantares no Afonso em Mora? Depois das repetidas e sempre reconfortantes refeições na Tasca do Montinho? Depois das Sopas de Lebre e outros petiscos da Mãe do Maurício?
Tudo foi marcante mas, por mera curiosidade, reparo que a ordem (temporal ) da enumeração é igual à importância crescente dos referidos, mas as Sopas vieram do lado do Maurício, sem dúvida.
Nesta vontade de pensar no que como, acabo por recordar outras sopas que na verdade são as mesmas e sempre estiveram comigo. "Fazer sopas" é uma expressão antiga para mim, de sempre, aquela coisa de migar pão para o prato da sopa e assim engrossar um caldo(ou um puré) de legumes bem quente, não é mais do que um reflexo desse comer Alentejano. E as sopas de café com leite, agora em desuso mas das quais me lembro bem...tudo isso vem da mesma raiz que acaba por ser a falta de recursos e a necessidade de aproveitar tudo ao máximo. Mas quando o Maurício me apresentou as Sopas de Lebre, pareceram coisa nova
Trata-se do caldo de cozinhar a lebre, ao qual se acrescenta água quente e depois, já sem o bicho, se junta o sangue reservado e fervilha um pouco para acabar de cozinhar. No final deita-se numa tigela onde estão fatias finas de pão, alho picado, uns fios de azeite e bastantes folhas de hortelã.
Para acompanhar estas sopas, o Maurício (e todos nós, os gulosos que partilham com ele as Sopas) não dispensa uma frescura qualquer - se possível as rodelas de rábano, mas também podem ser rodelas de pimento verde ou rama de cebolas novas.
Serão estas (hoje em dia) umas sopas mais requintadas, mas nunca esqueço uma água de cozer bacalhau, pescada ou outro peixe, com a qual faço sempre (bem, nem sempre, pois também gosto muito de arroz...) sopas que me aquecem a alma e a gulodice. Viva o Alentejo!
Depois dos tempos de Vila Nova de Milfontes? Depois dos jantares no Afonso em Mora? Depois das repetidas e sempre reconfortantes refeições na Tasca do Montinho? Depois das Sopas de Lebre e outros petiscos da Mãe do Maurício?
Tudo foi marcante mas, por mera curiosidade, reparo que a ordem (temporal ) da enumeração é igual à importância crescente dos referidos, mas as Sopas vieram do lado do Maurício, sem dúvida.
Nesta vontade de pensar no que como, acabo por recordar outras sopas que na verdade são as mesmas e sempre estiveram comigo. "Fazer sopas" é uma expressão antiga para mim, de sempre, aquela coisa de migar pão para o prato da sopa e assim engrossar um caldo(ou um puré) de legumes bem quente, não é mais do que um reflexo desse comer Alentejano. E as sopas de café com leite, agora em desuso mas das quais me lembro bem...tudo isso vem da mesma raiz que acaba por ser a falta de recursos e a necessidade de aproveitar tudo ao máximo. Mas quando o Maurício me apresentou as Sopas de Lebre, pareceram coisa nova
Trata-se do caldo de cozinhar a lebre, ao qual se acrescenta água quente e depois, já sem o bicho, se junta o sangue reservado e fervilha um pouco para acabar de cozinhar. No final deita-se numa tigela onde estão fatias finas de pão, alho picado, uns fios de azeite e bastantes folhas de hortelã.
Para acompanhar estas sopas, o Maurício (e todos nós, os gulosos que partilham com ele as Sopas) não dispensa uma frescura qualquer - se possível as rodelas de rábano, mas também podem ser rodelas de pimento verde ou rama de cebolas novas.
Serão estas (hoje em dia) umas sopas mais requintadas, mas nunca esqueço uma água de cozer bacalhau, pescada ou outro peixe, com a qual faço sempre (bem, nem sempre, pois também gosto muito de arroz...) sopas que me aquecem a alma e a gulodice. Viva o Alentejo!
reprodução de azulejo de Bela Silva
13/03/2013
Princípio
no princípio era(estava) tudo cru e por isso pouco se podia comer
depois veio o fogo, começou a culinária e com ela novos prazeres.
primeiro foram os grelhados, depois os cozidos e a coisa nunca mais teve descanso até aos nossos dias, onde convivem lado a lado a fome de uns, as dietas de outros, a arte de muitos aspirando a ir mais longe, para tantas vezes atingirem apenas o desvario.
eu cozinho por muitas razões, mas tenho sempre presente a necessidade de comer várias vezes ao dia e se as fatias de bom pão com manteiga ou queijo pontuam os intervalos, na hora de almoçar ou jantar quero alguma coisa saborosa e bem feita. não me lembro já da última refeição tomada só para despachar, numa bomba de gasolina ou de pé ao balcão da pastelaria. tenho fome mas não é assim tanta
uns dias há caril, noutros sopas de bacalhau, guisados de sempre, migas e coentradas várias.
há pratos para chamar a minha filha à cozinha, há pratos para me comover ou comover outros, há sedução e também alguma gabarolice. há de tudo e não é o preço, nem o empratar, nem a nova máquina de fazer espuma de caracóis quem me chama.
eu comecei a andar sobre outros pés, os dos meus avós maternos, os da minha mãe e da família desse lado, onde a comida era o assunto principal à mesa e não a conversa como sucedia do outro lado. não me queixo, gosto de ambos e se do lado da mãe chegou mais comida do lado do pai vieram os livros. tudo a somar
no princípio era tudo cru e algo nos ficou disso, pois aos crus regressamos com as ostras, os sashimis, carpaccios, ceviches e outros como o...
uns dias há caril, noutros sopas de bacalhau, guisados de sempre, migas e coentradas várias.
há pratos para chamar a minha filha à cozinha, há pratos para me comover ou comover outros, há sedução e também alguma gabarolice. há de tudo e não é o preço, nem o empratar, nem a nova máquina de fazer espuma de caracóis quem me chama.
eu comecei a andar sobre outros pés, os dos meus avós maternos, os da minha mãe e da família desse lado, onde a comida era o assunto principal à mesa e não a conversa como sucedia do outro lado. não me queixo, gosto de ambos e se do lado da mãe chegou mais comida do lado do pai vieram os livros. tudo a somar
no princípio era tudo cru e algo nos ficou disso, pois aos crus regressamos com as ostras, os sashimis, carpaccios, ceviches e outros como o...
bife tártaro
fui ao cantinho do avillez por curiosidade e por ter gostado da carta. fui lá para provar o bife tártaro e gostei, também gostei do acompanhamento de batatas fritas. gostei das empadinhas - apesar de muito "inhas" e da farinheira. gostei do vinho e não me lembro se gostei (ou se comi) sobremesa. gostei da companhia mas já gostava antes e foi comigo - o Avillez é alheio a isto. não gostei da luz, nem da proximidade das mesas, nem do serviço. ainda não voltei lá, talvez volte (talvez não) mas alguma coisa se perdeu nessa altura.
no entanto ficou a vontade de fazer um bife tártaro, porque sim, para seduzir também, para ver se conseguia.
fiz e saiu bem, repeti e saiu bem de novo.
fiz e saiu bem, repeti e saiu bem de novo.
- carne boa é importante, não tem de ser lombo de vaca, mas tem de ser uma carne saborosa e bem limpa de peles e gorduras.
- a carne deve ser picada à mão com uma faca bem afiada. primeiro tiras finas contra o veio da carne, e depois no sentido contrário para obter pequenos cubos.
- para acabar e sem destruir a faca nem a tábua, ir picando a carne até ter a consistência desejada(!!!). se for picada na máquina a carne fica mole demais
- juntar outros sabores é fundamental para esta carne crua ter o seu esplendor. as quantidades indicadas são aproximadas e para 350/400g de carne limpa e assim dá-se de comer a 3 gulosos
- usei chalotas na primeira vez e cebola roxa na segunda (gostei das duas) muito bem picadas - 1 colher de sopa bem cheia ou um pouco mais
- alcaparras e cornichons - 1 colher de chá de cada, ambos picados
- 1 colher de sopa de maionese misturada com 1 colher de chá de mostarda de Dijon.
- borrifos de molho inglês (worcestershire sauce)
- sal e pimenta preta moída
misturei tudo, formei um hamburger que servi com batatas fritas longas e finas e umas folhas de alface temperadas com um azeite. limão e sal
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