08/07/2013
Polvo, pulpo, polpo...
O bicho das 8 pernas, viscoso e fugidio, assustadiço e lança-tinta, cozido e grelhado, macio ou borrachoso. O polvo.
Sempre gostei do sabor e da textura. Nunca apanhei nenhum, por falta de jeito, mas tentei. Depois conformei-me a comprá-los onde forem bons e se possível já congelados para poupar trabalho.
Há mais de 20 anos fui uns dias à Galiza. Comecei por Vigo, passei pela Toxa e acabei em Santiago. Por todo o lado comi tenríssimo polvo e nunca correu mal. Sempre perfeito na cozedura, servido morno com batatas, azeite e pimentão, uma pérola na memória e daquelas que aumentam com o tempo.
Poucos anos depois comi na Bagoeira (em Barcelos) polvo na brasa, delicioso e tenro como o galego mas num preparo diferente.
- Tem de ser congelado antes de ser cozido - disseram-me e eu pensei que se eles o faziam assim deviam saber porquê.
De tempos a tempos tentava replicar a experiência mas sem grande sorte. A coisa não me saía... mas as circunstâncias ou o mero passar do tempo, conspiravam na sombra e um sequência pouco previsìvel de eventos levou-me até aos arredores da Ericeira, frente a um congelador onde havia um polvo.
Depois de várias hesitações a dona da casa disse-me que o cozia sem água e com uma cebola. Eu, já ouvira falar na técnica mas nunca a testara. Feito o teste, vi-me convertido que nem S. Tomé e durante meses tratei assim vários octópodes, mas. progressivamente, fui-me convencendo que o método os faz encolher muito, embora na macieza resulte.
Entretanto vi japoneses que massajam o polvo com sal durante 40 minutos, vi um italiano que os frita em óleo fervente e mais recentemente ouvi referências à técnica da cozedura rápida durante 9 minutos, mas acabei a testar um processo mais tradicional. Colocar o polvo (depois de descongelado) numa panela com àgua a ferver e deixá-lo lá a fervilhar durante 45minutos. Convém verificar a macieza mas tem corrido bem.
Com esses bichos tenho feito algumas saladas boas e a mais interessante foi com rodelas de rabanetes, cebola roxa picada, salsa e cebolinhos. Temperada com azeite, sal e pimenta ficou muito boa.
Mas, como há histórias para contar, outras serão para calar e por isso esta do polvo fica por aqui por enquanto. Talvez continue, talvez não!
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Na Galiza, nas Rias Bajas (Vigo e Padron) seguem uma técnica muito simples para o belíssimo Pulpo a Ria ou Pulpo a Feira, a melhor das companhias para o Viño Ribeiro: depois da congelação ou de uma sova heróica, de pau, o polvo é mergulhado 3 vezes na água com sal a ferver e retirado, sendo reintroduzido quando a água retoma fervura. Ao 3º mergulho fica lá dentro por 45 minutos, certos. São peremptórios a firmar que, se ficar mais tempo, fica duro. Adoptei o sistema. O polvo congelado do Pingo Doce é polvo galego!
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